A capoeira na verdade é uma mistura de:
Esporte, luta, dança, arte marcial, cultura popular, poesia, jogo, música, acrobacias, história do Brasil, filosofia e brincadeira.
Desenvolvida por escravos africanos trazidos ao Brasil e seus descendentes, é caracterizada por movimentos ágeis e complicados, feitos com frequência junto ao chão ou de cabeça para baixo, tendo por vezes uma forte componente acrobática. Uma característica que a distingue de outras lutas é o fato de ser acompanhada por música. A palavra capoeira tem alguns significados, um dos quais refere-se às áreas de mata rasteira do interior do Brasil. Foi sugerido que a capoeira obteve o nome a partir dos locais que cercavam as grandes propriedades rurais de base escravocrata.
Sobre a Capoeira...
As tradições e a história africanas foram transmitidas e registradas mais no boca a boca que nos documentos históricos escritos. Pelo Decreto de 14 de Dezembro de 1890 do então Ministro de Fazenda Rui Barbosa toda a documentação referente à escravidão negra no Brasil foi mandada a queimar nos deixando pouco material para reconstituir a história. Mas se acredita que: Para colonizar o Brasil, colônia recém descoberta da América do Sul, os portugueses precisavam de mão de obra. Mão de obra suficiente para a construção do império e para os plantios de cana de açúcar, algodão, café e fumo. Após a fracassada tentativa de utilizar mão de obra indígena os portugueses trouxeram os primeiros escravos da África para o Brasil (meados do sec. XVI). Os negros eram aprisionados na África, trazidos em navios negreiros e vendidos em regime de completa escravidão. Ao tornar o negro escravo, suprimiam sua cultura, sua alma e torturavam. Interessavam-se apenas pelo corpo, sua força de trabalho. A capoeira nasce neste período, uma forma de resistência dos escravos negros, um instrumento de libertação contra um sistema dominante e opressor, a busca da liberdade por uma raça escravizada e mal tratada por seu colonizador. Nas fugas para os quilombos resultou de extrema utilidade para lutar contra os capitães do mato. Estes recebiam ordens para capturar o maior número de escravos vivos, sem inutilizá-los para o trabalho forçado. Assim, os escravos refugiavam-se nas matas e capoeiras e defendiam-se com tal destreza e violência que muitas vezes debandavam os soldados que pretendiam agarrá-los. Foi assim que se espalhou a fama do “jogo da capoeira”. Nas senzalas era praticada nos raros momentos de folga.
Nas cidades, inicialmente, era nas festas populares que os capoeiras se encontravam. Era onde podiam relaxar do trabalho forçado, das torturas e esquecer sua condição de escravo, assim, era comum vê-los fazendo arruaças pouco se importando de estarem perturbando. Com o passar do tempo aumenta a fama de lutador do capoeirista, vestindo-se de maneira particular, chapéu de lado e argola na orelha eram capazes de fazer grandes desordens em segundos e conseguir escapar ilesos, o capoeira se oferece mercenariamente para assassinatos e emboscadas e passa também a ser usado pelos políticos como capangas e são temidos até pela própria polícia. De 1865 a 1870 acontece a guerra do Paraguai, onde muitos capoeiras são enviados para a frente de batalha e voltam como heróis pelo sangue frio e astúcia que demonstraram nos campos de batalha. Nesta época a capoeiragem encontra-se em seu apogeu. No Rio de Janeiro, Recife e Salvador foram as principais cidades onde a capoeira proliferou. Identificados como criminosos profissionais, o nome capoeira é associado ao malandro, desordeiro, ladrão. Com a chegada da República, em 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca, pressionado pela crescente onda de criminalidade, inicia uma campanha de combate à capoeira. Qualquer indivíduo que fosse encontrado praticando capoeira era sumariamente recolhido à ilha Trindade (Fernando de Noronha) para trabalhos forcados. O código penal de 1890 previa de 2 a 6 meses de prisão celular aos praticantes dos exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela denominação de capoeiragem. Esta situação vai se arrastando até 1932 quando Mestre Bimba tira a capoeira das ruas e a coloca nas academias, onde os ensinamentos são aprimorados e as exibições começam a ser vistas por camadas sociais superiores. Assim, a história da capoeira passa por transformações profundas. A classe média e a burguesia correm para as academias, a princípio para assistir e depois para aprender e praticar.
Daí, a 9 de julho de 1937 o governo oficializa a capoeira dando a Mestre Bimba um registro para sua academia. Um status social superior invade as academias afugentando aqueles capoeiras conhecidos por desordeiros. Os que resistem e continuam a frequentar se esforçam para se enquadrar no novo perfil que a capoeira toma. Assim, inicia-se sua ascenção socio-cultural, voltando ao cenário cultural, está presente na música, nas artes plásticas, na literatura, nos palcos. Antes, uma atividade praticada quase que exclusivamente por homens, passa a ser praticada também por mulheres e crianças.
Em 1973 é reconhecida oficialmente como esporte nacional. Daí em diante não para de crescer e se expandir adquirindo cada vez mais adeptos de todas as raças e camadas sociais do Brasil e de todo o mundo.